segunda-feira, 14 de junho de 2010

A Primeira vez a gente não esquece!

Como prometido, algumas histórias de vida Jackie Brasil, como suas viagens pelo mundo, experiências, bons e maus momentos, serão compartilhadas através do Blog Bazar do Egito.

Eu era tão pequena e magrinha para uma menina de seis anos. Não entendia direito porque todos estavam lá reunidos: avós, tios, primos e alguns amigos.


Mas aquele lugar eu já conhecia. Tinha estado lá três meses antes quando meus pais foram embora. A minha avó materna tinha me dito que eles foram para um lugar muito longe e frio. Tinha neve! Eu já tinha visto neve nas fotos que eles mandavam para nós.Eu e meu irmão estávamos com muitas saudades deles, nunca havíamos nos separado por tanto tempo.

Nós tínhamos ficado na casa de minha vó Cema. Sempre morei do lado de sua casa, na pequena cidade de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. Amava minha vó como amava minha mãe e fiquei muito triste quando vi ela chorando naquele aeroporto.

Eu sabia que eu ia encontrar os meus pais. Era para ser um momento feliz,mas então porque todos choram? Não sabia que levaria mais de três anos para reencontrar aquelas pessoas que eu tanto amava. Meu irmão, um ano mais novo que eu, também estava com medo. Eu via isso no olhar dele. Quando chegou a hora da despedida foi muito triste. Lembro até hoje de minha vó chorando e dizendo para eu cuidar de meu irmãozinho.

Entre beijos, abraços e muito choro, fui entregue a uma moça bonita com um sorriso lindo. Segurei na mão de meu irmão e lá fomos nós com a moça bonita. Ela era a única que estava feliz. Eu não chorei para não assustar mais o Osvaldo. Dei uma ultima olhada para trás. A família toda chorando e abanando. Foi difícil de segurar o choro, mas fui forte. Não chorei.

Ao subir as escadas do avião o meu medo foi aumentando.Segurei ainda maisorte meu irmão com uma das mãos, pois na outra levava uma malinha de couro com nossas mamadeiras.

Eu não conhecia ninguém dentro daquele avião enorme. Senti enjôos e passei mal. Acho que foi puro nervosismo. A viagem foi longa! Mas a aeromoça sempre estava por perto com aquele sorriso bonito que parecia dizer “Tudo vai ficar bem”. Ao aterrissarmos, eu estava muito cansada e perdida. Nem conseguia imaginar que eu estava chegando em New York. Saímos do avião sempre acompanhado pela moça bonita e depois de algum tempo fomos entregue aos nossos pais.

Deixei minha família chorando no Brasil e do mesmo jeito, com choro, fui recebida pelos meus pais. Achei tudo muito estranho, mas finalmente me senti segura nos braços de minha mãe.

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