segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Gaúchos falam sobre dias de tensão passados no Egito

Quando a crise política do Egito (que já atinge dez dias) começou, a professora de Inglês Jaqueline Brasil, 48 anos, passeava pelas ruas do Cairo. Moradora de São Leopoldo, ela embarcou para o Egito em 18 de janeiro para conhecer de perto a cultura local e aprender um pouco mais sobre a religião islâmica, para a qual se converteu em junho do ano passado. Voltou na última quinta-feira, sem ter completado a viagem. "Eu voltaria no dia 21, mas com a confusão preferi voltar. No quinto dia, o governo cortou a Internet e o telefone", conta. 


Jackie visitando as pirâmides em cima de um dromedário, dias antes do início dos protestos contra o líder egícipio Mubarak, que está há 30 anos no poder.


Campo-bonense viu protestos pelas ruas

O campo-bonense, Tariq Saleh (à direita), 36 anos, vive há quatro anos em Beirute no Líbano. Jornalista e correspondente da BBC Internacional, precisou ir ao Cairo, no Egito, acompanhar os conflitos contra o presidente do país, Hosni Mubarak, na última semana. "Quando cheguei já estava no quarto dia de protesto e quando fui para o hotel, o Centro ainda estava vazio, apenas com alguns policiais. Comecei a presenciar alguns protestos e vi confrontos de jovens antigovernistas, policiais e partidários do presidente." Saleh acompanhou de perto os protestos. "Vi quando a polícia jogava gás lacrimogênio nos manifestantes. Eles jogavam o gás de volta, além de pedras. Colocaram a polícia para correr", conta.

Ela quer voltar


Jackie na frente do Museu do Cairo durante as manifestações. Note os tanques de guerra no fundo!


A volta do Egito foi cansativa. Jaqueline (foto) não conseguiu contato com a embaixada brasileira. Do Egito, foi para Roma e de lá para São Paulo e depois para o RS. Quando chegou, foi recebida com flores pela família. "Pretendo voltar, mas quando a poeira baixar. Quero fazer compras!"

Jornalistas ficaram assustados

"Não senti medo, mas em alguns momentos todos os jornalistas ficaram assustados", afirma Tariq Saleh. O jornalista, que tem fluência no idioma árabe, precisou de estratégias. "Meu árabe tem um sotaque que podia chamar a atenção. Muitas vezes, precisei bancar o turista." Repórteres foram espancados e presos. Em Beirute desde ontem, Saleh desabafa: "Está sendo um paraíso comparado ao Cairo."

"Acho uma manifestação justa


Jackie no meio do protesto no centro de Cairo.


Antes da revolta que levou milhares de árabes às ruas, Jaqueline Brasil curtia seu passeio no Egito. Conheceu as pirâmides, comprou alguns poucos souvenirs e estudou o Alcorão (livro sagrado dos muçulmanos). "O Egito é um país maravilhoso, lindo, exótico. O El Rehab (bairro) era moderno e limpo. Achavam que eu era egípcia e me trataram com todo carinho", conta. Ela via na TV as notícias sobre a confusão que ocorria no Centro do Cairo, mas as revoltas foram chegar no bairro por volta do quinto dia. Ela acredita que a manifestação do povo egípcio é justa. "As regras são feitas e aprovadas pelo governo há 30 anos. Isso não está certo. O povo está unido por um país melhor. Nos dias de hoje não pode mais haver ditadura." 


Fonte: Jornal Vale dos Sinos (05/02/11)

Um comentário:

  1. Amei a reportagem, Jackie. Muito legal teus relatos, as fotos. Enfim, essa tua nova experiencia e aventura (entre tantas outras que já viveu) mostram o quanto tu é diferente e especial, mostram que devemos buscar sempre algo novo e que tudo vale a pena quando acreditamos!!!
    e é isso que te desejo sempre... uma vida linda, feliz!!!
    bjos de quem te ama e te admira muito...
    kika

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